O diretor do Laboratório de Biopatologia de Organismo Aquáticos (LAQUA) da Universidade Estadual do Maranhão e Superintendente de Relações Internacionais, Prof. Dr. Thales Passos de Andrade, anunciou a descoberta de um novo vírus, provisoriamente denominado pelos autores, Penaeus vannamei calicivirus (PvCV) e de uma nova variante de vírus da mionecrose infecciosa (IMNV) que estiveram relacionados com perdas na carcinicultura brasileira. O principal impacto da emergência e disseminação de vírus é a redução na produção de camarão, associado à perda por patógenos.
O anúncio é resultado de trabalhos liderados pelo LAQUA/UEMA em parceria com Centro de Investigação Científica e de Educação Superior de Ensenada – CICESE, no México, e com o Laboratório de Patologia na Aquicultura, Escola de Ciência Comparativa Animal e Biomédica, Universidade do Arizona, Estados Unidos, sendo esta universidade parceira internacional da UEMA desde 2012. A apresentação dos resultados ocorreu durante o XVI ENBRAPOA – Encontro Brasileiro de Patologistas de Organismos Aquáticos, organizado pela Associação Brasileira de Patologistas de Organismos Aquáticos (ABRAPOA), realizado entre os dias 03 e 05 de novembro de 2021 de forma on-line, com a temática “Conectando saberes em sanidade de animais aquáticos”. O prof. Thales participou como palestrante convidado do evento.
Segundo o prof. Thales de Andrade, desde 2018 e em parceria com alguns produtores, o LAQUA vem intensificando as pesquisas a fim de encontrar respostas aos casos peculiares recebidos do setor produtivo em referência a IMNV e outras. O trabalho do laboratório foi intensificado por pelo menos dois anos, exatamente no período de maior intensidade da Pandemia do COVID-19 (2020 e 2021). “Mantivemos o LAQUA-UEMA em total operação em atenção ao setor produtivo quando conseguimos, no primeiro trimestre de 2020, período de lockdowns, descobrir que estávamos lidando com uma nova variante de IMNV e de um novo agente viral nunca reportado, o PvCV. Não poderíamos apenas avisar que havia um vírus na indústria, precisávamos construir evidências seguras e desenvolver técnicas de diagnóstico apropriadas. Isto incluiu o sequenciamento de genoma completo, desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico de RT-qPCR em tempo real com sonda de hidrólise, Hibridização In Situ e histopatologia, rastreamento de surtos detecção de PvCV em diferentes estados produtores e o aconselhamento complementaram a atividade de extensão em ajuda aos produtores, um trabalho exaustivo que foi multiplicado pelos entraves adversos impostos pela Pandemia do COVID19. ” detalha o professor.
Para o diretor do LAQUA, é importante mencionar que estudos adicionais estão sendo realizados para determinar se:
- a) a indústria tem usado linhagens mais resistentes a WSSV, porém suscetível a IMNV;
- b) a nova variante de IMNV (Indonesia) é mais severa em linhagens brasileiras;
- c) o PvCV aparenta ser de baixa severidade mas oportuniza a colonização de bactérias secundárias e, se associado a IMNV, potencializa a severidade das mortalidades encontradas nas áreas afetadas.
“O lado bom do lado ruim é que o Brasil tem superado as perdas ocasionadas pelo vírus da mancha branca que teve levou a perdas nacionais entre 2015 e 2018. Em 2021, a representações competentes do setor anunciam o fechamento recorde de 120 mil toneladas produzidas.”, comenta o diretor.
No evento, o professor Thales de Andrade também falou sobre os efeitos negativos da pandemia de COVID-19 na carnicicultura, na dispersão de doenças emergentes na América Latina e no Brasil e a importância dos profissionais e laboratórios dedicados a biopatologia de animais aquáticos. O Diretor do LAQUA apresentou as atividades do laboratório, que possui ações para além do ensino e da pesquisa e que estão alinhadas ao Plano de Internacionalização da UEMA e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, a exemplo do ODS 2, relacionado à redução da fome, e do ODS 14, relacionado à vida aquática. “É muito importante lembrar que a nossa atuação esta muito além de ser apenas ensino e pesquisa. Se considerarmos as recomendações da Organização das Nações Unidas, mais especificamente com a Agenda 2030, as recomendações constantes no Plano Estratégico de Saúde dos Animais Aquáticos (2021-2025) da Organização Mundial de Saúde Animal, as recomendações da Aliança global de Aquicultura (GAA) etc, será fácil notar que os laboratórios que são dedicados ao diagnóstico e adicionam a extensão com o setor produtivo estão diretamente ligados a redução da pobreza; combate à fome; ao desenvolvimento sustentável dos ambientes aquáticos; a qualidade nutricional humana; a igualdade e equidade social, crescimento econômico e a educação; assim como no auxilio da construção de ações estratégicas em apoio ao setor público e privado, dentre outras. Pela nossa experiência, o nosso laboratório funciona como sentinela para agentes etiológicos novos ou emergentes da carcinicultura marinha. Portanto, somos essenciais como laboratório aplicado ao setor produtivo, à pesquisa e principalmente por sermos universidade. La na ponta, também, conseguimos trazer informações mais atualizadas e precisas para dentro da sala de aula onde encontra-se os futuros profissionais deste Brasil”, explica o professor.
Por meio do LAQUA, já foram realizados treinamentos nacionais e internacionais, diagnósticos, pesquisas, palestras, projetos estratégicos e assessorias, com trabalhos feitos para instituições como: Organização das Nações Unidas para Alimentação, Ministério da Produção (Peru) EMBRAPA, Associação Brasileira de Criadores de Camarões, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Grupo Adc hoc de sanidade de crustáceos do MAPA, Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Maranhão, Comitê de Sanidade Pesqueira e Aquícola do Programa Estadual de Sanidade Pesqueira e Aquícola – PESPAQ, Fundações de Amparo a Pesquisa – FAPEMA e FAPEAD -, diferentes empresas do setor produtivo – fabricantes de rações, produção de pós-larvas, reprodutores, probióticos, prebióticos e imunoestimulantes.
O professor Thales Passos de Andrade voltará a discutir as temáticas de carnicicultura na Feira Nacional do Camarão – FENACAM’21, em que participará como palestrante convidado, no período de 16 a 19 de Novembro de 2021, evento promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Camarão – ABCC,