
Duas estudantes da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) foram selecionadas para integrar a edição Angola do Programa Caminhos Amefricanos: Intercâmbios Sul-Sul, iniciativa da CAPES em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e instituições de ensino africanas e latino-americanas. As discentes Keila Câmara, do curso de Licenciatura em Educação Quilombola pelo Programa de Formação Docente para a Diversidade Étnica (PROETNOS), orientada pela Profa. Tatiana Reis, da História; e Camylle Botelho Furtado, da Licenciatura em Filosofia, orientada pelo Prof. Francisco Valderio, participarão de atividades acadêmicas na Angola, em dezembro.
Para Keila, que recentemente também esteve na Áustria para uma mobilidade acadêmica (saiba mais), a experiência representa um reencontro simbólico e acadêmico com a ancestralidade. “Para nós, negras, quilombolas, esse programa é uma oportunidade de reconexão com nossas origens, com a África que tanto estudamos, mas que muitas vezes nos foi mostrada de forma distorcida.” Ela afirma que viajar ao continente significa acessar uma história que lhe foi negada, mas que permanece viva em sua trajetória. “Ir à Angola é como voltar para casa, é sentir a presença a força de nossos ancestrais, e entender que nossa história não começa na escravidão, mas sim em reinos, saberes e culturas potentes também.” Ela também agradece a UEMA e o PROETNOS “por fortalecerem nossas trajetórias e abrir caminhos para que estudantes como eu possam sonhar e viver experiências que nossos ancestrais não tiveram a oportunidade de viver”.
Já Camylle relaciona sua seleção ao percurso de pesquisa desenvolvido ao longo da graduação. “Me sinto imensamente feliz e grata pela aprovação no Programa Caminhos Amefricanos Edição Angola” diz. Com apoio da FAPEMA, ela desenvolve uma investigação sobre a concepção de democracia em Lélia Gonzalez a partir da categoria de amefricanidade, que também fundamenta seu trabalho de conclusão de curso. Camylle conta que conheceu o programa durante esses estudos e que aguardava a abertura do edital. No intercâmbio, desenvolverá o plano de trabalho “Brasil e Angola: aproximações para a construção de uma democracia a partir da categoria político-cultural de amefricanidade”. Para ela, a oportunidade simboliza “a continuidade dos meus estudos em Lélia Gonzalez, democracia e amefricanidade, e a realização de sonhos que não vislumbrava em minha vida”. Ela finaliza afirmando: “Estou muito empolgada!”.
Sobre o Caminhos Amefricanos:
O programa é destinado a estudantes autodeclarados pretos, pardos ou quilombolas, matriculados a partir do quinto semestre em instituições públicas, e prevê participação em evento científico, além de visitas a escolas, museus e locais históricos. O financiamento da mobilidade é integralmente do MIR. Saiba mais.
por SRI/UEMA