O Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras – GCUB realizou no dia 23 de junho o webinar “Universidades no contexto da pandemia do Covid-19: Experiências da Itália, Suíça e Estados Unidos”. A conferência contou com representantes de três instituições internacionais, que compartilharam os desafios enfrentados e as soluções aplicadas no Ensino Superior em meio ao distanciamento social.
Para os três palestrantes, transformar o ensino presencial em ensino a distância foi, e ainda é, um dos maiores desafios. Na Universidade de Roma Tor Vergata, na Itália, 94% dos programas de graduação e pós-graduação adotaram o ensino a distância para manter as atividades, iniciadas em março, mês em que o governo da Itália declarou quarentena nacional.
Segundo o Coordenador de Relações Internacionais da instituição, Dr. Damiano Pinnacchio, apesar da grande adesão à modalidade, diversos professores não estavam preparados para utilizar ferramentas digitais, necessitando de treinamento.
A pandemia afetou, também, as atividades de mobilidade acadêmica da instituição. Dos estudantes italianos realizando intercâmbio em universidades de fora, 70% voltaram à Itália. Dos estudantes internacionais matriculados na Tor Vergata, 60% voltaram ao país de origem.
Esses números fizeram com que os prazos de programas de mobilidade fossem estendidos, como no caso do Erasmus Mobility, que prorrogou as atividades por um semestre. Outra resposta dos programas à pandemia foi o reconhecimento de atividades realizadas no formato digital.
Serviços da instituição não foram inteiramente suspensos. Atendimentos virtuais foram adotados para setores administrativos e atividades extracurriculares foram oferecidas on-line. A universidade optou, ainda, por oferecer apoio psicológico aos estudantes.
Em uma avaliação do cenário da instituição, o Dr. Damiano Pinnacchio explicou que, além das dificuldades com o ensino a distância, o gerenciamento de laboratórios e o desenvolvimento de pesquisas também foram prejudicados. Além disso, o engajamento dos estudantes com as atividades on-line foi considerado menor em comparação ao desempenho apresentado em sala de aula.
Para os próximos meses, a Universidade de Roma Tor Vergata prevê um retorno às atividades presenciais, porém com adaptações, como horários alternativos para uso de laboratórios e adoção do ensino híbrido, organizando o planejamento das disciplinas para que elas ainda possam utilizar a experiência virtual.
No Estados Unidos, cada estado teve autonomia para realizar ações no enfretamento à pandemia, segundo explicou a presidente da American Association of State Colleges and Universities, Dra. Mildred García. Por isso, diversas instituições de ensino do país responderam à crise de maneiras diferentes. Algumas universidades, por exemplo, optaram por manter funcionando serviços como biblioteca e restaurante universitário, para dar apoio aos estudantes, em especial os estudantes internacionais.
As residências estudantis foram adaptadas para seguir normas de saúde e evitar aglomerações. Alguns governos estaduais, a exemplo do governo de Nova Iorque, realizaram programas de incentivo para apoiar estudantes em situações de vulnerabilidade socioeconômica e instituições compraram laptops para esses alunos, para garantir o acesso às aulas on-line.
Para a Dra. Mildred García, o momento é de universidades receberem apoio de governos estaduais e do governo do país como um todo, já que o Ensino Superior é essencial para o desenvolvimento de uma nação.
Na Universidade de Genebra, na Suíça, o Dr. AbdelJalil Akkari, professor da instituição, explicou que foram adotadas medidas que priorizavam a voz da comunidade acadêmica, como extensão de contrato de pesquisadores que não conseguiram desenvolver pesquisas no período de pandemia.
Todos os setores da universidade trabalharam de forma solidária para lidar com a adesão ao ensino remoto. Porém, houve uma grande dificuldade: os professores e alunos conheciam as ferramentas digitais, mas não sabiam como utilizá-las no processo de aprendizado.
O Dr. AbdelJalil Akkari exemplificou o desafio: muitos professores não conseguiam produzir conteúdo suficiente para as aulas on-line. Alunos se sentiram prejudicados com o formato de avaliação aplicado. Mas também houve casos de sucesso: em algumas disciplinas de cursos de engenharia, a realidade virtual foi utilizada para simular experiências práticas e o curso de psicologia utilizou as ferramentas digitais para estudar casos reais.
Na avaliação do professor Akkari, o ensino a distância colocou uma responsabilidade enorme no estudante, que ainda não está totalmente adaptado para lidar com a autonomia da modalidade. Por isso, o professor destacou que muito mais que ferramentas digitais, é preciso focar em pedagogia, e incentivar os estudantes a serem autônomos.
O webinar “Universidades no contexto da pandemia do Covid-19: Experiências da Itália, Suíça e Estados Unidos” está disponível no canal do GCUB no YouTube.
Alessandra Medina
ARI/UEMA