A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) realizou, no dia 19 de novembro, no auditório da FIEMA, a conferência intitulada “Epistemologias do Sul e a Reinvenção da Democracia”, com o renomado professor, pesquisador, poeta, escritor e sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, como parte da programação da concessão do título de Doutor Honoris Causa ao professor Boaventura.
Em seu discurso sobre o homenageado, o reitor da UEMA, Gustavo Pereira da Costa, destacou que foi um dia de grande alegria para a Universidade Estadual do Maranhão e para o nosso estado receber uma grande expressão das Ciências Sociais e Humanas. “É motivo de honra para todos nós, enquanto comunidade universitária, recebermos para esse evento que integra a programação de comemoração e de homenagens ao professor Boaventura de Sousa Santos, por ocasião da concessão do título de Doutor Honoris Causa pela UEMA, daqueles que chamo de intelectuais, capazes de iluminar a compreensão de muitos estudiosos mundo a fora nos fenômenos que dizem respeito às Ciências Sociais e Humanas, o professor Boaventura de Sousa Santos”.
“Esta referência é um dos primeiros críticos da globalização e dos seus efeitos em relação as comunidades e que tem discutido o conceito de democracia e rediscutido sua reinvenção. Tem trabalhado de forma muito rigorosa, intelectualmente, na promoção e defesa dos Direito Humanos. Nós nos sentimos muito honrados com a presença dele no Maranhão e de ter tido a oportunidade de trazê-lo aqui para uma conferência que trata dessa grande metáfora do capitalismo que é o conceito de epistemologia do Sul e a forma como isso pode reconstruir nossa vivência em sociedade democraticamente. Acho que esse debate é um grande bálsamo de esperança no tempo de tantas dificuldades, de tanto obscurantismo, de tantas dúvidas”, enfatizou o reitor.
Em sua fala, o professor Boaventura de Sousa Santos mencionou o prazer enorme em estar pela primeira vez na UEMA e vir com uma carga simbólica de fazer parte da comunidade e da universidade.
Durante a palestra, Boaventura disse: “O tema que proponho hoje, como os outros temas que abordo, é um tema que me preocupo bastante. Estamos em uma sociedade em que a manipulação de emoções está totalmente desconectada. A política é construída como um espetáculo. O marketing político assenta no conceito de persuasão e não da convicção. Nós estamos em uma situação em que o sistema político não diz muito sobre a população. Muita gente vive a democracia, mas não vive democraticamente. Diante de tudo isso, as democracias podemos morrer democraticamente”.
Ele tratou também da importância dos sujeitos que compõe a universidade, de abandonarem seus contextos e saírem dos seus muros, dialogando mais e melhor com a comunidade em que se contextualiza.
Diante desse cenário, o professor Boaventura finalizou dizendo que a solução é a democratização do conhecimento, do Estado, da sociedade e da nossa relação com a natureza.
Saiba mais sobre o Palestrante
Boaventura de Sousa Santos é Doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973) e Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison. Foi também Global Legal Scholar da Universidade de Warwick e Professor Visitante do Birkbeck College da Universidade de Londres. É Director Emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. De 2011 a 2016, dirigiu o projecto de investigação ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo, um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos internacionais para a investigação científica de excelência em espaço europeu.
Tem escrito e publicado extensivamente nas áreas de sociologia do direito, sociologia política, epistemologia, estudos pós-coloniais, e sobre os temas dos movimentos sociais, globalização, democracia participativa, reforma do Estado, direitos humanos, com trabalho de campo realizado em Portugal, Brasil, Colômbia, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Bolívia e Equador.
Por: Karla Almeida / Ascom-UEMA
Fotos: Rafaela Mendes / Ascom-UEMA