Durante a manhã do 3º dia de programação do 65º Fórum Nacional de Reitores da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM), na sexta-feira (25), Internacionalização e Mobilidade foram tema de palestra cujo objetivo foi apresentá-los como instrumentos potencializadores de desenvolvimento regional e internacional.
Inicia o 65º Fórum Nacional de Reitores em São Luís
A palestra foi apresentada por Eneida Soanne Matos Campos de Oliveira, integrante da Câmara Técnica de Internacionalização e Mobilidade da ABRUEM e Assessora Especial de Relações Internacionais da UEFS, por Eliane Segati Rios Registro, Secretária da Câmara Técnica, Coordenadora de Relações Internacionais da UENP e vice-presidente da FAUBAI, e por Simone Ricci, Gerente de Projetos de Educação Superior da British Council.
A Assessora Especial de Relações Internacionais da UEFS Eneida Soanne de Oliveira mostrou o levantamento geral de dados da estrutura organizacional dos escritórios de relações internacionais das universidades afiliadas à ABRUEM, dos programas de mobilidade nacional e dos acordos vigentes de tais instituições de ensino superior.
De acordo com os dados, 53,6% dos setores utilizam o nome assessoria, 75% estão vinculadas ao gabinete do reitor, 50% dos setores possuem uma sala, 71,4% dos setores localizam-se na reitoria e 26% têm funcionários fluentes em inglês, espanhol e francês, incluindo aí os funcionários efetivos, docentes, agentes administrativos e os temporários.
Com relação à mobilidade, a assessora explicou que a Associação vem fomentando a mobilidade no Brasil, por meio do Programa de Mobilidade Nacional da ABRUEM, oferecido desde 2015, por ser um país gigante e com diversas culturas, peculiares a cada região. “É importante que nossos estudantes conheçam o nosso Brasil, não somente fora com a mobilidade internacional, mas que propicie a nossa mobilidade interna, dentro do nosso país”, incentivou.
Em síntese, a Bahia é o estado com maior volume em mobilidade nacional, enviando 51 estudantes e recebendo 16; o primeiro semestre de 2019 foi o período com mobilidade; a maior concentração está nas áreas de Engenharias; o tempo médio de mobilidade é de um semestre acadêmico; a maior dificuldade apontada foi o financiamento, do qual a ABRUEM pode se debruçar, agora, em formas e estratégias de como facilitar isso e; a sugestão de melhorias foi com relação à busca de outras fontes de financiamento, que possibilitem o aumento do número de estudantes participantes dos programas de mobilidade.
Com relação aos acordos vigentes que foram informados no questionário pelas universidades afiliadas, foram consideradas, não só as instituições estrangeiras, como também as nacionais, os institutos e as empresas. A Europa e a América do Sul destacam-se no quantitativo de acordos vigentes, o que, de acordo com a Secretária da Câmara Técnica de Internacionalização e Mobilidade da ABRUEM Eliane Segati Rios Registro, gera uma reflexão sobre a importância dos destinos das missões da Associação a partir do quadro de acordos apresentados, o tipo de acordo que é, em sua maioria, geral e não específico.
“Essa é uma outra questão muito importante que nós temos que considerar em nossas universidades. Os acordos gerais, que chamamos de guarda-chuva, são importantes, mas atrelados a eles, nós precisamos desenvolver acordos específicos coordenados pelos professores de áreas específicas, com plano detalhado das ações de curto, médio e longo prazo. Caso contrário, não vamos gerar o impacto necessário sobre as ações de internacionalização”, enfatizou Eliane. O quantitativo de acordos gerais é muito grande, ou seja, de 80%, e não dá, efetivamente, o retorno necessário para o desenvolvimento das ações de internacionalização que a ABRUEM almeja nas universidades.
O tipo de financiamento desses acordos é, em sua maioria, com algumas instituições estrangeiras. Então, para a vice-presidente da FAUBAI, “a nossa dificuldade na captação de recursos na mobilidade internacional se resolve por meio de financiamento junto às instituições e aos órgãos estrangeiros e instituições de financiamento de diferentes países que auxiliem na captação de recursos para o desenvolvimento dos projetos internacionais”, referindo-se a Fulbright, Erasmus +, PIMA, OBREAL, ELAP, Embaixada da França, ELAP, DAAD, RMIT University e Erasmus UE.
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Logo em seguida, Simone Ricci, Gerente de Projetos de Educação Superior da British Council apresentou o que o centro tem feito na área de internacionalização e como o governo britânico pode ajudar nesse processo. De acordo com ela, a internacionalização é um comprometimento institucional, é desenvolvimento de currículo e políticas públicas, é mobilidade e, principalmente, colaboração e parcerias.
É importante para as instituições, porque, através da internacionalização que se pode alavancar a reputação de uma universidade, sua participação em ranks internacionais e ter um maior desenvolvimento em cada organização. É importante para os indivíduos, pois quando se fala em internacionalização, não é somente sobre alinhar diversas culturas e línguas, é muito mais que isso, é formação de redes, possibilidade de empreender e aumentar a empregabilidade.
É importante para o governo, pois quando se fala em internacionalização, os governos em parcerias desenvolvem políticas públicas, chamadas de win win, em que todos os governos podem conversar sobre políticas que agreguem valores em suas instituições. E, por fim, para o currículo, porque, quando uma instituição é internacionalizada isso tem um grande peso e facilita no desenho de conexões, de valores que possam contribuir, não só na melhoria da universidade em si, mas na sociedade, na coletividade, quando se é uma instituição internacionalizada.
Assim, Simone contextualizou o fim do programa Ciência Sem Fronteiras como o surgimento da semente para as universidades internacionalizarem. A CAPES lançou o programa Print para que as universidades brasileiras desenvolvessem estratégias de internacionalização e o governo britânico, por meio do British Council, percebeu, nesse momento, uma oportunidade de auxiliar as universidades brasileiras, por meio do Universities for the World, do qual o governo britânico auxilia às universidades brasileiras a internacionalizarem-se.
“O programa visa aumentar a qualidade na pesquisa, desenvolver capacitação em políticas linguísticas, criar links entre indústria e academia, o que é muito forte no Reino Unido, mas, infelizmente aqui no Brasil, ainda não conseguimos ver esse link com a indústria, que é fundamental. Há um gap muito grande que a gente acredita, como instituição britânica, poder auxiliar, com as nossas expertises, no desenvolvimento através da internacionalização. E através dela a gente busca fechar parcerias e acordos e desenvolver currículos e políticas de pesquisa e mobilidade”, explicou a Gerente de Projetos.
Segundo Simone Ricci, a partir do programa, além das parcerias obtidas com as chamadas públicas, foi produzida a publicação Universidades para o Mundo, que é chamada de “amiga da internacionalização” e foi criado, também, um guia focado no inglês, o que foi importante para fortalecer a mobilidade. “Esse guia é para os estudantes britânicos, mas não só para eles, que podem acessá-lo e pesquisar as universidades brasileiras que já têm cursos em inglês. É uma ferramenta que está ajudando a formar mobilidade de lá pra cá e fizemos o lançamento dele em abril, em Belém”, contou.
Ao final, Simone convidou a todos para a missão que será realizada pela British Council no Reino Unido, na última semana de janeiro de 2020, e terá como foco a área de internacionalização e inglês como políticas linguísticas. E completou “a internacionalização é fundamental. Por isso, procurem agências de fomentos, trabalhem com consulados e embaixadas. Como a gente pode ver, a lista da ABRUEM é vasta e contem sempre com a British Council, do governo britânico, porque, eu acho que, quando a gente tem essa rede, facilita muito”.
Sobre a Câmara de Internacionalização e Mobilidade
A Câmara de Internacionalização e Mobilidade da ABRUEM tem por finalidade o fortalecimento das políticas de internacionalização e cooperação, em seus âmbitos socioeconômicos, culturais e, principalmente, acadêmicos, na forma de mobilidade nacional e internacional.
A principal meta da Câmara é a concretização do networking entre as universidades afiliadas e a ampliação desses contatos em nível internacional. Além disso, a Câmara tem como objetivos promover análises e discussões de programas de internacionalização, governamentais e privados, que possam atingir direta ou indiretamente as universidades; fomentar a internacionalização em casa e do currículo, como ferramenta de melhoria de ensino e como instrumento de modernização das universidades; identificar as fraquezas das universidades no que tange à internacionalização; realizar levantamentos de dados referentes à mobilidade nacional e internacional das Universidades, para subsidiar o planejamento e ações futuras, dentre outros.
Por Raysa Guimarães