A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), por meio da Assessoria para Relações Internacionais (ARI), recebeu José Celso Freire Júnior, Assessor Chefe de Relações Externas da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e ex-presidente da Associação Brasileira de Educação Internacional (FAUBAI) que veio realizar uma palestra sobre a importância de um Plano de Internacionalização em uma Instituição de Ensino Superior, no dia 1º de julho, na Reitoria.
Pela manhã, o reitor Gustavo Pereira da Costa e o assessor para Relações Internacionais da UEMA, Thales Passos de Andrade, reuniram-se com José Celso para discutir ideias e propostas acerca do desenvolvimento do Plano de Internacionalização da Universidade.
Pela tarde, José Celso realizou a palestra na presença do vice-reitor Walter Canales Sant’ana, da pró-reitora Rita de Maria Seabra Nogueira (PPG), da coordenadora geral Ilka Serra (UEMAnet), de representantes das pró-reitorias, de coordenadores de programas de pós-graduação, de diretores dos departamentos, além da equipe da ARI.
Para o vice-reitor Walter San’tana, José Celso trouxe sua experiência de mais de 10 anos em internacionalização na UNESP para a UEMA e, como presidente da FAUBAI por 9 anos, até 2018, causou uma revolução do bem na associação trazendo para as universidades brasileiras uma nova visão de internacionalização. “E é dessa experiência dele que estamos tendo um contato para que possamos basear-nos, aqui na UEMA, no caminho que ele guiou na UNESP. Sabendo quais os passos que ele seguiu e adaptando às devidas condições para a nossa universidade, poderemos caminhar para um Plano de Internacionalização consistente”, disse o vice-reitor.
O vice-reitor lembrou que a UEMA passou por um processo similar com a construção do Plano de Desenvolvimento Institucional, que se iniciou de forma incipiente, mas foi sendo melhorado com o tempo. “Hoje, temos o orgulho de dizer que possuímos um PDI consistente feito em conjunto. Antigamente, tínhamos um número baixo de mestrados e, praticamente, não se falava em internacionalização. Agora, é a vez da internacionalização, devido à evolução e ao aumento da demanda da UEMA, temos a necessidade de ter esse documento”, explicou.
Durante a palestra, José Celso Freire contou um pouco da sua trajetória profissional até chegar à internacionalização. Esta deixou de ser um objetivo pessoal, que começou com intercâmbios, mestrados e doutorados fora do país, para ser um objetivo institucional, que culminou na presidência da FAUBAI e na Diretoria da Assessoria de Relações Externas da UNESP.
Em seguida, apresentou conceitos atuais de internacionalização e como ela é trabalhada nos países desenvolvidos. Na Europa, dentre os exemplos dados, internacionalizar significa preparar os estudantes para o mercado global, melhorar a qualidade da educação, instituir a competitividade e melhorar a qualidade da pesquisa produzida.
Entretanto, o que o assessor percebe, na realidade brasileira, é que o estudante, em seus primeiros passos na internacionalização pessoal, é “punido” quando volta para a universidade de origem, devido ao método de avaliação das atividades realizadas no país de destino do intercâmbio. “A avaliação de aproveitamento do aluno, por parte das instituições, deve ser pelas habilidades e competências conquistadas, e não somente pelos créditos e carga horária quando o aluno volta da mobilidade acadêmica”, considerou.
No que concerne às instituições de ensino superior brasileiras, José Celso indicou que internacionalizar não é um fim em si mesmo, mas o caminho e a bússola na direção para se atingir a nota 7 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que avalia a excelência do ensino e pesquisa das IES. “É o caminho para se atingir a excelência”, resumiu.
Plano de Internacionalização na UNESP
De acordo com José Celso Freire, o Plano de Internacionalização da UNESP baseou-se no conceito de Internacionalização Abrangente, de John Hudzik, que é utilizada em todas as ações de desenvolvimento da internacionalização em várias universidades pelo mundo.
Para o autor, “internacionalizar é um compromisso, confirmado através de ações, para infundir perspectivas internacionais e comparativas acerca das missões de ensino, pesquisa e serviço do ensino superior. Ela molda o ethos e os valores institucionais e atinge toda a empreitada do ensino superior. É essencial que seja adotado pela liderança institucional, governança, professores, alunos e todas as unidades de serviço e suporte acadêmico. É um imperativo institucional, não apenas uma possibilidade desejável”.
Na UNESP, o conceito é estruturado em diferentes áreas nas quais ações de internacionalização podem desenvolver-se baseadas na proposta da American Council on Education (ACE), quais sejam: Compromisso Institucional Articulado; Liderança Administrativa, Estrutura e Pessoal; Currículo, Co-currículo e Resultados de Aprendizagem; Políticas e Práticas Docentes; Mobilidade Estudantil e Colaboração e Parcerias.
Outra referência da UNESP, tida como marco conceitual para a avaliação dinâmica para o processo da Universidade, é o Modelo Internacional Rumbley’s Delta Circle, do qual se afirma que fatores ambientais e externos melhor analisam o processo dinâmico de internacionalização das instituições de ensino superior.
O modelo considera o processo de internacionalização como um círculo contínuo e identifica 6 passos ou fases para desenvolver e implementar uma estratégia de internacionalização composta por: consciência, compromisso, planejamento, operacionalização, revisão, e reforço. Leva-se em conta também 4 principais fatores ambientais: oportunidades, imperativos, obstáculos e recursos. Além disso, as justificativas, estratégias e resultados devem ser incorporados em qualquer análise de internacionalização.
O assessor ressaltou que, com relação aos fatores externos, uma das oportunidades é o Programa Institucional de Internacionalização da CAPES (PrInt), como meio de obter fundos para financiar a internacionalização da UNESP.
Logo após, José Celso apresentou os tópicos estratégicos que baseiam o plano de internacionalização da UNESP: Três tópicos individuais (parceria, pesquisa e talentos globais) são sustentados por diferentes tópicos transversais, juntamente com indicadores de desenvolvimento. Todos os tópicos são de responsabilidade de cada setor específico.
Internacionalização na UEMA
Depois desse longo processo de desenvolvimento do PI da UNESP, José Celso Freire destacou que o passo seguinte foi a realização de workshops de internacionalização com pró-reitores, assessores e funcionários para fazê-los compreender que internacionalizar, para a UNESP, teria que ser um caminho para se chegar à excelência, mas, em primeiro lugar, deveria ser definido qual o conceito de excelência para cada setor da universidade. E a partir daí, construir e percorrer os passos no processo de internacionalização.
Dessa forma, o assessor propôs para a UEMA similar procedimento, partindo da questão “O que significa internacionalizar para a Universidade?”. “É preciso definir obstáculos, metas e propósitos para saber qual o objetivo da UEMA com a internacionalização”, indicou José Celso, que ao final da palestra, apresentou o quantitativo de colaboração e citações de pesquisas da Universidade no contexto internacional, por meio da plataforma SciVal.
Para o ex-presidente da FAUBAI, a UEMA tem números interessantes. Apesar de ter muita coisa a ser feita, já existe um caminho que começou a ser feito e a internacionalização, certamente, vai contribuir no desenvolvimento da instituição. “Foi muito legal a reunião, porque foi uma iniciativa da gestão. Em todos os lugares onde eu vi que as coisas realmente funcionaram, foi quando teve e tem alguém conduzindo o processo. É preciso ter a gestão envolvida no desenvolvimento da internacionalização”, incentivou o assessor.
Por Raysa Guimarães